quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Referendo da hora: ficar no que está ou voltar ao horário antigo?

Passados mais de dois anos da mudança da hora no Acre, adiantar de 1 hora em relação a Brasília e grandes centros produtores do país, novamente esse debate vem à baila. No meu entendimento superado, pois a população já se adaptou ao novo horário, e até mesmo os que eram contra também se acostumaram com a mudança.

O novo horário se formos pesar os prós e os contra trouxe mais benefícios do que prejuízos à população de um modo geral. Vamos elencar alguns: nas transações bancárias, uso de caixas eletrônicos, na programação da tevê aberta, ficou perfeitamente mais ajustado. Nas comunicações pode-se falar com fornecedores, parentes fora do estado praticamente em tempo real; realização de provas de concursos o acriano hoje não sai tão penalizado. Se uma prova que tem início às 13 horas (hora de Brasília) são 12 horas (hora local). Outro exemplo são os alunos das faculdades virtuais, isto é, aula via satélite, antes tinham um prejuízo de 02 ou 03 horas, muitas vezes inviabilizava seus estudos, pois se aulas iniciassem às 19h30min minutos na hora local seria 16h30min impossibilitando seus estudos nessa situação.

Sob o prisma técnico-científico a mudança de fuso é plenamente possível, pois os fusos horários: “são faixa imaginárias que dividem a Terra em 24 faixas idênticas de modo que cada divisão tenha 15° de longitude (que corresponde à uma hora. Tais faixas foram regulamentadas em 1884, numa Conferência Astronômica nos Estados Unidos na cidade de Washington-DC”. Os fusos horários são definidos a partir do tempo universal coordenado (TUC) em Londres, local onde o meridiano de Greenwich divide o fuso determinando a contagem das horas, 24 fusos sendo: 12 adiantados para leste e 12 atrasados para oeste, em decorrência do sentido do movimento de rotação, que se processa de oeste para leste.

Os fusos, portanto, são convenções geográficas, que buscam conciliar o limite teórico ao prático, quer dizer, adaptar à hora a evolução e as necessidades das sociedades. E por si tratar de um sistema convencionado (os fusos horários) não segue rigorosamente a localização longitudinal das localidades. Vejamos o caso de países de grandes extensões leste-oeste como é o caso brasileiro. Se assim o fosse teríamos que ter não três, mas quatro, cinco ou até seis fusos horários. A hora oficial do país teria que ser alterada de Brasília (-3 GMT, 47° 55’w) para a Região Nordeste a partir de Recife-PE ou Salvador-BA, haja vista estas cidades estarem quase 15° a leste da Capital Federal, porém por questão de conveniência adotam a hora oficial do país.

Especificamente sobre a questão da mudança no fuso do Acre por tudo que já colocamos é possível em todos os aspectos, principalmente técnico, pois se traçarmos um parâmetro com o vizinho estado de Rondônia, que até pouco, tinha uma hora à frente o amanhecer e anoitecer de acordo com observações feitas apresenta pouca variação algo em torno de 07 ou 12 minutos. Outro aspecto relevante é que tanto o território acriano como toda a Amazônia são áreas de extrema luminosidade em decorrência de suas baixas latitudes no sul do globo terrestre. Assim sendo, os dias são mais longos que as noites na maior parte do ano, o raiar de um novo dia é bem precoce por volta de 05h50min ou 06h05min minutos de agosto a final de março, durante este período ocorre os solstícios de verão no hemisfério Sul, o que deixa os dias nesta região ainda mais longos em relação às noites. Verifica-se um pequeno espaço de tempo que o dia é mais curto que as noites nesta região (compreende de abril a julho) em que os primeiros raios de sol se dão por volta das 06h20min a 06h35min, em decorrência do fim do outono e vigência do inverno austral.

Assim, o novo fuso de uma hora de atraso para Brasília se mostra consolidado e aceito pela maioria da população e se ainda causa algum transtorno, se verifique e se faça as adequações necessárias, como por exemplo, ajustar à hora de entrada dos alunos pela manhã ao de entrada no trabalho dos pais, funcionamento do comércio de alguns segmentos que se inicie mais tarde e termine mais tarde a fim de aproveitar o final do dia que é mais longo.

Osiel A R C Vieira é Licenciado em Geog. Pela UFAC desde 1995, professor de Geografia na rede pública de Ensino/Escola PE. Diogo Feijó em Rio Branco-AC.

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