quarta-feira, 30 de maio de 2012

O nascimento de uma amizade



Dizem que as amizades começam pelo interesse, algo que pude notar depois de adulto, quando lecionava em uma escola pública. Chovia e chovia,  uma tarde barulhenta de verão. Todos os alunos estavam ilhados em suas salas para não se molharem – ou melhor dizendo, para não aprontarem na chuva. Alguns grupos aqui e ali, meninos e meninas que já se conheciam e que aparentam estarem prontos para um novo ano letivo, e eu, o pobre professor obrigado a ficar na sala para não tacarem fogo, literal e metaforicamente falando.
Olhando com mais atenção percebo uma menina no meio da sala olhando para o nada, como se o nada lhe importasse, mas sendo eu eterno aluno sei o que observa, pois não tem amigos. Observo o seu jeito, parece uma estátua, paralisada, se não fosse tão melancólica seria  cômica com seu ar durão. A menina olha para trás e tenho que me ajustar na cadeira para ver o motivo.
Ela está falando com outra menina que senta ao seu lado e gesticula em direção ao livro que ela carrega. Um pequeno meio sorriso brota nos lábios da garota com o livro, então ela senta e começa a conversa, uma conversa fervorosa.
A chuva diminui até que para, possibilitando a minha audição curiosa sobre o que as duas amigas (?) conversam e percebo com um sorriso no rosto o que motivou a menina estátua, foi o seu interesse em saber a estória relatada no livro.
E foi assim que percebi que as amizades começam com um interesse. Um interesse em uma música, livro, esmalte, tênis ou qualquer outra coisa que sirva para puxar papo.
O intervalo termina, saio da sala com a doce impressão de que acabei de presenciar o nascimento de uma amizade.
       
 Rayssa Albuquerque.                                                                                                                      
Aluna do  9º ano D

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