terça-feira, 21 de dezembro de 2010

HORA DE REFLEXÃO

 

*Francisco Lira

Era uma bagunça geral: pulávamos, gritávamos, riscávamos o fardamento escolar, pintávamos o sete. Afinal, era com imensa satisfação. Lembro-me perfeitamente, que comemorávamos o término do ano letivo. Época do tênis kichute, conga alcollor, das meias ¾, pretas para os meninos e brancas para as meninas, das saias plissadas,  das bermudas ou calças de terbrim para os meninos. As blusas, ainda, eram de botão e estampavam no bolso um triângulo – escola pública. As brincadeiras no intervalo para as meninas eram:  baleado,  pular corda,  pular macaca e  jogar pedrinha. Os meninos, geralmente, jogavam futebol, brincavam de barra e da manja. A merenda à época era, basicamente, mingau ou sopa.
Hoje, quanto mudou, mas as atitudes são as mesmas: a ansiedade o corre, corre, nos corredores, o estresse do aluno, do professor, a presença do pai na escola... Enfim o problema das notas (de aprovação ou reprovação). Percebe-se, nesse quesito, que mais importante é uma boa nota e não a aprendizagem, como tempos atrás.
Da condição de aluno à de professor, fazendo uma análise apurada, conclui-se que fomos mal educados e continuamos a educar mal. Os pais obrigavam os filhos a irem para a escola; como alunos, o sistema recepcionava-os com severa disciplina: professor sabe tudo, linha dura, o aluno era visto como uma folha de papel em branco, tempo da palmatória, do caroço de milho (ajoelhado sobre), dos deveres para casa, do quartinho escuro, da suspensão do recreio, do castigo de ficar tipo estátua (em pé virado de cara para a parede), e o temor à presença do diretor.
O termo obrigar [do lat. obligare.] pôr na obrigação, no dever; colocar como imposição. Por si só, dá a dimensão do embate criado por forças antagônicas: as crianças e adolescentes de um lado, querendo aproveitar o máximo da vida, sem estudar, é claro, e do outro a estrutura do sistema de ensino.
Bom, pra não esquecer a pauta, desculpem-me pelo saudosismo, parabéns caros colegas professores por mais um término de ano letivo. Espero que vocês, mesmo com as dificuldades encontradas, tenham plena consciência do dever cumprido.
Precisamos desses incrementos: motivação pessoal, profissionalismo e amor. Somos formadores de opinião, e é preciso muito cuidado com isso. Solicitamos aos alunos, ou melhor, cobramos por meio de um contrato didático (no início do ano letivo), a questão da disciplina em sala: não pode mascar chicletes, usar boné, atender ou brincar com o celular, não pode sentar sobre a mesa. Enfim. No entanto, você caro colega é o primeiro a descumprir o contrato quando atende o celular ou senta sobre a mesa. Qual a tua moral? Os seus paradigmas devem ser reavaliados constantemente.
 Devemos ter sempre em mente que o aluno aprende, também, aquilo que a gente não vê. Não basta apenas se envolver neste ato de amor, que é ensinar, reveja os seus conceitos, assuma seus erros. Nestas férias, faça uma reflexão, uma auto-avaliação do seu ano de trabalho e o que pode ser melhorado para o seguinte, mostre-se disposto a mudar. O que for de natureza velha, que não agrada o coração de Deus, sepulte-os, jogue-os fora.
Voltemos, revigorados, como alguém que se ama e têm valor pessoal, de bom ânimo, otimistas, e com um renovo espiritual. Com compromisso para melhor fazer a educação dos jovens desse estado, desse país. Precisamos perpassar,  inculcar, associar, constantemente no alunado, não importando a idade, a idéia, da alegria, que se tem quando se vai a um teatro, ao cinema, aos parques, as praças ao lazer em geral. E, que essas atitudes podem e devem se estender, também, como de direito, de forma prazerosa e salutar ao conhecimento formal.
Professor você pode fazer a diferença, empolgue-se, encare o seu ofício com amor. “O amor é paciente, é benigno, o amor não arde em ciúmes, não se ufana, não se ensoberbece”. I co 13.4.
 Que Cristo renasça no coração de cada um de vocês, feliz natal e um próspero ano novo, cheio de paz e muita harmonia.
Quero agradecer enquanto gestor da escola Padre Antonio Diogo Feijó, a todos que compartilharam comigo, nesse ano de 2010, desse aprendizado constante que é fazer educação.

Francisco das Chagas dos Santos Lira,
Professor licenciado em geografia pela Universidade Federal do Acre
Atuando como Gestor da Escola Padre Antonio Diogo Feijó